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"Irmão, você foi embora e eu fico mais um pouco, até o tempo me permitir."




A foto de Tiger, ao lado das cinzas de seu irmão Johnny – com os dois conectados através de um cordão umbilical simbólico, feito de tecido – ganhou o maior prêmio internacional "Mestres de Fotografia 2018", na categoria recém-nascido.

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Essa foto me fez lembrar de uma dinâmica para solução nas Constelações Familiares!

Quando perdemos um irmão, principalmente se a morte foi precoce ou trágica ou se ocorreu durante a nossa infância, essa perda pode trazer importantes repercussões em nossa vida no futuro. E essa dinâmica é mostrada nas Constelações Familiares quando o problema-tema trazido para constelar é sobre doenças ou problemas nas relações familiares ou profissionais, ou projetos de vida que não fluem ou ficam inacabados, insucessos na vida afetiva, social ou profissional. Essa dinâmica pode ser explicada pelas Leis Sistêmicas. O irmão que fica pode estar dizendo, “eu te sigo”, “eu vou no seu lugar” ou “eu te compenso”. Isso porque o irmão que fica se sente privilegiado por ter ficado, por estar vivo e o irmão não. E segue uma vida pela metade (meia vida), na tentativa (em vão) de compensar o irmão.

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O que geralmente acontece quando perdemos alguém? Nos culpamos ou culpamos outros. Esse comportamento é de proteção, desviamos nosso foco para não olhar para a realidade da perda, da morte. A morte e o morto devem, sim, serem olhados. A morte quer ser vista, o morto também quer ser visto. É necessário olhar para a dor, para as lembranças, para o que se aprendeu com aquele que estava antes entre nós e agora não mais. Este movimento de revisitar as lembranças boas e ruins, o aprendizado e o que ficou deve seguir então com a ACEITAÇÃO desse destino e então, LIBERAÇÃO nossa e do morto para que ele também descanse e fique em paz. Então, transcendemos! Desapegamos do material que deteriora, se transforma, e nos apossamos do AMOR. Esse é infinito! Então, as perdas, as mortes nos trazem FORÇA. E a VIDA, segue seu fluxo através de nós!

Na Constelação Familiar, Bert Hellinger, no livro Religião, Psicoterapia e Aconselhamento Espiritual, sugere uma dinâmica para essas situações:

"Talvez você tenha deixado com os mortos sua força vital. Você a reencontrará se descer até eles com recolhimento, deitar-se silenciosamente ao seu lado até sentir tranquilidade e união com eles. Aguarde então, até que algo venha deles para você. Tome isso em seu coração, e lentamente retorne à luz dos vivos”.

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Por isso, esse lindo registro me fez lembrar dessa dinâmica. E possivelmente, esse olhar para aquele que esteve entre essa família e que agora não está mais, favorecerá o acolhimento e a aceitação do que aconteceu, e evitará sintomas e problemas no futuro, incluindo o irmão que levará na memória esse momento em que esteve junto do seu irmão dentro do útero e pôde se despedir do lado de fora.

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Uma imagem que nos remete ao estar ao lado, sentindo a união e tranquilidade, levando o que devo levar do outro em meu coração, estando pronto para seguir a vida, grato! Porque nada foi em vão...

Eu, então, agora digo:

"Irmão, você foi embora e eu fico mais um pouco, até o tempo me permitir."


 

Veja a reportagem da revista crescer (17/09/2018)

Foto de bebê ao lado das cinzas de seu irmão gêmeo é premiada

"A ideia era mostrar que eles ainda estavam conectados e compartilhavam o mesmo útero", disse a mãe Cherie Ayrton

A mãe dos meninos, a neozelandesa Cherie Ayrton disse que, embora esteja extremamente orgulhosa pelo prêmio e sensibilidade da fotógrafa Sarah Simmons em registrar o momento, nunca vai esquecer a dor de perder um filho.

“Eu estou muito orgulhosa e honrada pelos compartilhamentos e talento incrível de Sarah. Estou muito feliz por ela e pelo seu sucesso. E, embora a foto seja dramática, ela ajuda outras mães que estão passando por um momento parecido. "Recebi muitas mensagens e gosto de saber que a memória do meu filho pode ajudar outras famílias a passar pelas suas próprias jornadas”, disse Cherie ao site Stuff.

Cherie Ayrton descobriu aos 5 meses de gestação que um de seus gêmeos, Johnny, havia falecido. Ela o carregou até o fim e deu à luz ao natimorto. Caso contrário, o outro gêmeo, Tiger, não teria sobrevivido.

A fotógrafa teve a ideia de envolver Tiger em um pano e usá-lo para se conectar com as cinzas de Johnny, simbolizando um cordão umbilical. A mãe dos meninos, Cherie não sabia como Sarah iria conectar os garotos. "A ideia era mostrar que eles ainda estavam conectados e compartilhavam o mesmo útero", diz Cherie.

A perda de um filho às vezes é muito dolorosa para os pais suportarem, quanto mais documentar. Mas para Cherie Ayrton, sua tragédia foi imortalizada em uma foto premiada.


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